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Número do Registro
4_eus_1988_bgr_dai
Autor
Qualificação do Autor
Tipo documental
Bibliográfico > Impressos e Digitais > Livros e capítulos de livros
Data
1988
Notas sobre o autor.
Berta nasceu a 2 de outubro de 1924 em Beltz, Romênia em uma família judia. Em princípios da década de 1930, o pai Motel, acompanhado das duas filhas, Jenny e Berta (a caçula), veio para o Brasil, estabelecendo-se como comerciante no Rio de Janeiro. Contudo, aos 11 anos Berta ficou sozinha, tendo sua irmã e seu pai, por motivos políticos, voltado para a Europa.
Casou-se em 1948 com Darcy Ribeiro, com quem fez suas primeiras viagens aos Kaingang no sul; aos Kadiweu e Terena no Mato Grosso. No alto e médio rio Xingu esteve entre os Yawalapiti, os Kayabi, os Juruna, os Araweté e os Asurini. Essa experiência, assim como as relações pessoais com os índios xinguanos, Berta recuperou no livro “Diário do Xingu”. As pesquisas de campo continuaram entre os Tukano Desâna na região do alto Rio Negro. Nas aldeias do rio Tiquié trabalhou por longos anos com Luis Lana e seu pai Firmiano Lana, apoiando suas iniciativas de redação e ilustração de mitos, que deram origem ao livro Antes o Mundo Não Existia. A mitologia heroica dos índios Desâna. Os índios das Águas Pretas, publicado em 1995, aborda temas relacionados à ecologia e cultura material, centrais em seu trabalho.
Foi servidora do Museu Nacional e Museu do índio, onde atuou como pesquisadora e como formadora de coleções etnográficas. A constituição de acervos de bens materiais dos grupos indígenas que estudava constituía um de seus interesses capitais. Paralelamente, empenhou-se na promoção e publicação de estudos museológicos. Como professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ministrou aulas no curso de Pós-Graduação em História da Arte, nas disciplinas de “Arte indígena no Brasil” e “Cultura material e arte étnica”, e orientou alunos nos temas de sua especialidade.
A familiaridade na leitura e classificação de objetos levou Berta a enveredar pelos caminhos pouco trilhados da antropologia da arte no livro Arte Indígena, Linguagem Visual, publicado em 1989. Este livro constituiu-se na sua mais complexa abordagem dos “conteúdos e significados das manifestações estéticas do índio brasileiro, através da análise de casos concretos”.
Os caminhos percorridos por Berta Ribeiro sempre foram amplos porque vastos eram os seus interesses: antropologia, ecologia, museologia, arte e sua principal especialidade, a cultura material indígena. O compromisso e rigor com a produção de conhecimento renderam-lhe, em 1995, a medalha de Comendadora da Ordem do Mérito Científico, conferida pelo governo brasileiro.
Berta faleceu em 17 de novembro de 1997.
Bibliografia (ABNT)
RIBEIRO, Berta Gleizer. Dicionário do artesanato indígena. Editora da Universidade de São Paulo, 1988.
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Descrição
A elaboração deste Dicionário obedeceu ao propósito de sistematizar a cultura material indígena. Esperamos que, dessa forma, possa prestar bons serviços aos que dele disporem, oferecendo informações práticas necessárias ao manejo e estudo dos objetos recolhidos aos museus e encontrados nas aldeias.
Além da parte lexicográfica, tornou-se necessário dotá-lo de ilustrações. E também de informações de ordem técnica e cientifica, a saber, os processos de manufatura eas matérias-primas neles empregadas.
As definições de cada artefato foi dado o desenvolvimento compatível com sua importância, o qual é detalhado nos itens e globalizado nas definições genéricas. Era também essencial imprimir ao Dicionário uma disposição que facilitasse o inter-relacionamento das palavras chave, o que foi feito.
Tendo em vista a simplificação e facilidade de manuseio, os itens limitaram-se ao vocabulário já consagrado pelo uso, dando-se, sempre que necessário, sinônimos. Encontrar-se-ão alguns neologismos inevitáveis para indicar os objetos que não têm designação vernácula.
Procurou-se englobar no Dicionário todas as categorias de artefatos encontradas, comumente, nos acervos de museus etnográficos. Os claros que acaso tenham ficado poderão ser preenchidos, com o uso, segundo as normas aqui estabelecidas. As ilustrações de Hamilton Botelho Malhano valorizam excepcionalmente os glossários, imprimindo-lhes, além de um aspecto atraem te, as clarificações que só a gravura pode oferecer. Elas foram desenhadas em escala, indicada na legenda, à vista das peças, e com detalhes que ajudam a entendê-las e documenta-las. Os apetrechos de trabalho artesanal, designados implementos, são distribuídos pelas categorias a que servem.
A nomenclatura se constitui, assim, num amplo museu etnográfico "portátil" em que os protótipos são definidos e desenhados. Acreditamos que este trabalho, por sua natureza, exercerá uma função sistematizadora a serviço da recuperação dos acervos, não só indígenas, mas também de cultura popular, que, a partir de agora, poderão ser consultados e estudados convenientemente.