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Metadados
Número do item
plu_2025_001_umas_artista
Nome/Identificação
Uwet/Artista
Nome do autor
Sexo do autor
Masculino
Localidade
Palavras-chave
Biografia
Uwet Manuel Antônio dos Santos, conhecido como Uwet, foi um mestre contador de histórias e escultor em madeira. O nome "Uwet" faz referência a uma grande ariramba, uma cobra encontrada na Ilha do Mangue (Ilha Mawihgi), onde ele vive. A ariramba Uwet é tenaz e possui uma forte personalidade: quando alguém se aproxima de seu ninho, ataca destemidamente qualquer intruso com ruídos e bicadas incessantes. O pai de Uwet era um brasileiro que vivia na boca do rio Oiapoque, e sua mãe palikur faleceu ainda jovem. Uwet foi criado por seus avós maternos, sendo seu avô, Guillaume, o xamã que encontrou Curt Nimuendajú na década de 1920.
Uwet era palikur e vivia na aldeia Mangue II, no rio Urucauá, afluente da margem direita do rio Uaçá, na Terra Indígena Uaçá, Oiapoque. Profundo conhecedor das histórias de seu povo e guardião da memória cultural, Uwet se destacou como artista, sendo famoso na região por suas esculturas de madeira que retratam temas e personagens da cosmologia Palikur. Suas obras, verdadeiras preciosidades artísticas, já foram expostas no Museu Kuahí, em Oiapoque, além de exposições em Macapá, São Paulo e Rio de Janeiro. Em 2013, publicou o livro *Waramwi: a cobra grande*, pelo Instituto Iepé, no qual narra a história da cobra grande, rica em detalhes sobre um mundo aquático habitado por diversos seres, suas relações e formas de conhecer.
Uwet se tornou uma referência não apenas para o povo Palikur, mas para todos os povos indígenas do Oiapoque, sendo um dos mais reconhecidos artistas da região. Suas esculturas, escudos e bancos circulam o mundo e integram várias coleções etnográficas. Em 2016, Uwet protagonizou um grande *Turé* do povo Palikur, o Kayka Aramtem, resgatando e apresentando o ritual para as novas gerações, após 36 anos sem ser realizado na região do Urucauá.
Uwet faleceu em 23 de junho de 2018, no Oiapoque. Sua partida representou uma grande perda para os povos indígenas da região, que o viam como uma verdadeira enciclopédia da floresta. Deixou como legado uma profunda inspiração para as novas gerações, com seus ensinamentos sobre os fenômenos da natureza e os seres invisíveis, sendo um grande conhecedor da cosmologia e história Palikur.