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Número do item
khk_2025_001_lyos_artista
Nome/Identificação
Luis/Artista
Povo
Nome do autor
Sexo do autor
Masculino
Localidade
Qualificação do autor
Biografia
Caripoune Yermollay: Arte, Tradição e Compromisso com seu Povo
Luiz Yermollay Oliveira dos Santos, conhecido como Caripoune Yermollay, nasceu em 1976 na floresta amazônica. Ele é filho de Luiz Soares dos Santos e neto do cacique Manuel Primo dos Santos, o Kôko, que conquistou uma vaga na Câmara de Vereadores de Oiapoque em 30 de novembro de 1969. Esse feito foi notável, considerando que ocorreu em uma época distante das ações afirmativas e marcada por um preconceito ainda mais explícito contra os povos indígenas.
Adotando o nome Caripoune Yermollay, ele se afirma como um artista plástico indígena que enxerga a arte como um meio de conectar sua vivência individual às tradições do seu povo. Seu processo criativo resgata materiais e técnicas ancestrais, desenvolvendo uma linguagem única que, em sua língua nativa, recebe o nome de "Adaminã" – aquilo que é desenhado, pintado e escrito.
O artista relata que sua inclinação para a arte surgiu cedo, como um "dom natural". Aos 10 anos, começou a produzir seus primeiros trabalhos, inspirado pelas mulheres mais velhas da aldeia. Tradicionalmente, cabe às avós a tarefa de desenhar em cuias, peneiras e tipitis. Para ele, a arte sempre foi parte intrínseca de sua identidade e cultura, além de representar uma missão junto ao seu povo.
Além da carreira artística, Caripoune Yermollay também se dedica à educação e à defesa de causas fundamentais para sua comunidade. Ele está profundamente envolvido com iniciativas que relacionam arte, educação e saúde nas escolas indígenas, promovendo atividades que preservam e transmitem as tradições de seu povo às novas gerações. Chamamos isso de "relembrar e repassar", explica o artista, ressaltando que essa abordagem é essencial para valorizar o patrimônio cultural e garantir sua continuidade.
Assim como grande parte dos Karipuna do Oiapoque, Caripoune Yermollay é poliglota. Fala português, karib, francês, aruaque e tupi, mantendo viva mais uma tradição familiar. Seu avô, Kôko, lia jornais e revistas, acompanhava diariamente o noticiário da BBC de Londres e era fluente em cinco idiomas. Embora interagisse com desenvoltura com os não indígenas, o cacique sempre valorizou sua cultura e sua terra. Essa mesma disposição se reflete em Caripoune Yermollay, que não se sente seduzido pela possibilidade de deixar sua região natal.
Desde cedo, ele enfrentou desafios para ter acesso à educação formal – uma realidade comum tanto para indígenas quanto para não indígenas em Oiapoque, município que sofre com a precariedade de infraestrutura e serviços básicos. Apesar disso, sua persistência foi determinante: aprovado no vestibular aos 40 anos, concluiu a Licenciatura Intercultural Indígena pela Unifap em 2021.
Caripoune Yermollay é um exemplo de resistência e inovação, mantendo viva a herança cultural dos Karipuna enquanto constrói caminhos para que as novas gerações tenham acesso ao conhecimento e à arte como ferramentas de fortalecimento identitário.